14/06/2016

El Pájaro- Jorge Eduardo Eielson


Azul
brillante
        el OjO el       
Pico anaranjado             
el cuello
el cuello
el cuello
el cuello
el cuello
el cuello
el cuello herido
                              pájaro de papel y tinta que no vuela
                                           que no se mueve que no canta que no respira
                         animal hecho de versos amarillos
                     de silencioso plumaje impreso
               tal vez un soplo desbarata
                        la misteriosa palabra que sujeta
sus dos patas
            patas
            patas
            patas
            patas
             patas 
            patas
            patas
                                  patas sobre mi mesa
   
Jorge Eduardo Eielson, en: TEMA Y VARIACIONES (1950).

Comentário: A poesia acima pertence a um movimento literário espanhol chamado Generación del 50. Trata-se de um movimento pós-guerra na Espanha e no Peru, país de Jorge Eduardo Eielson (por isso estou falando dele aqui), a narrativa está vinculada ao desenvolvimento urbano e à migração andina para Lima (Peru), portanto, a poesia tem uma postura social e crítica sobre a vida. Os poetas pertencentes a este movimento têm toda uma preocupação com a linguagem, com a estética. Na poesia acima podemos ver que as palavras formam exatamente um pássaro; um pássaro feito de papel e tinta, sem vida, que pode desfazer-se em um sopro. Talvez o poeta nos queira mostrar o vazio das coisas, pois podemos perceber um tom de existencialismo. Ele cria um pássaro, mas o animal não passa apenas de algo vazio, ferido, que não tem forças, supérfluo, que pode desfazer-se facilmente. E a verdade é que algo de fora, da vida real, passa a ser algo estético. Jorge consegue formar, representar esse sentimento de existencialidade através das palavras.


Espero que tenham gostado. Um abraço!

2 comentários:

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