11/12/2016

Amor à moda antiga - Fabrício Carpinejar





Em seu aniversário de 43 anos, Fabrício Carpinejar ganhou de presente uma velha máquina de escrever Olivetti Lettera 82 verde-esmeralda. Desde esse dia, ele se dedica a escrever nela poemas de amor e a guardá-los como um inventário de seus sentimentos e emoções ao longo de sua carreira. Pela primeira vez, a Belas-Letras publica esses poemas exatamente como os originais foram enviados à editora, em maços de papel despachados pelos Correios, sem nenhum tipo de correção ortográfica, edição ou retoques, inclusive com as próprias anotações à mão feitas pelo próprio Carpinejar. Todos os textos de Amor à Moda Antiga (inclusive este) foram originalmente escritos em máquina de escrever. O resultado é um livro orgânico, singelo e apaixonadamente imperfeito, exatamente
como o amor é.
"Quem me ensinou a amar
não gostaria que eu usasse
o que aprendi com outras.
amar é desamar."

Amor à moda antiga” é um livro curtinho, mas intenso e original. Seu título se refere à forma de amar, esse amor que se mostra e que se quer sentido. Cada poema, seja ele pequeno ou grande, está cheio de profundidade. Há sentimento em todos eles que falam do nó que é o amor, dos desamarros e amarros da vida, da saudade do ser amado, da importância de dizer o que sente e não somente o que pensa, da efemeridade que é viver, da fragilidade que é estar respirando. Eles passam do amor ao sofrimento, e vice e versa, num virar de páginas. Há um toque de sensualidade em alguns, em outros é mais escancarado, mas nada perto do vulgar. Ás vezes o amor aparece da forma mais simples, às vezes, personificado, vestido de um objeto, de uma sensação.

Imagem do blog "Desbravador de mundos".
Os poemas estão escritos em versos e rimas livres e em letras minúsculas. Achei muito interessante isso de os textos não ter sido revisados, é como se pudéssemos ver Fabrício em pleno ato de composição. Aqui e acolá há palavras riscadas, outras substituídas. E os rabiscos que pra muitos podem parecer feios, pra mim se parecem como uma parte dos poemas, não como algo exterior, mas algo que está imbrincado no significado deles. Não são somente poemas jogados em uma folha e entregues ao leitor; pode-se perceber, através do que se parece descuido, o ato mesmo de escrever. A escrita fala de tudo isso que destaquei no primeiro parágrafo, mas, sobretudo, ela fala de si. Esse amor, que é o centro dos poemas e que se mostra pela escrita, é também o ato de compor. Ele se desnuda e mostra sua essência. Se pinta na poesia de Carpinejar não somente uma imagem do pessoal, biográfica, senão uma imagem poética. Vejo em "Amor á moda antiga" uma poesia que chama a atenção para si mesma e, à medida que se constrói formalmente, se despe e mostra seu interior. É por isso que além de ler sentimos cada palavra, como tinta que colore nossa alma dos mais diversos tons. 

Bom, foi isso o que achei do livro. Creio que dá pra perceber que o recomendo só pelo meu comentário, não é? Hahaha. Não deixem de ler essa maravilha e de comentar o que lhes pareceu. Gostaria de saber o que vocês acharam dele e da resenha, ok? 
Um abração, meus queridos amigos leitores! 💗

"Só é livre quem não ama.
amar é nascer de novo
com o mesmo desamparo,
sem direito a escolher o nome
os pais, a casa.
é assumir as consequências 
de um destino emprestado."


Classificação:
Autor: Fabrício Carpinejar
Ano: 2016
Páginas: 104
Editora: Belas Letras

4 comentários:

  1. Oi Mirelle, que legal a história do livro, sempre quis ser escritora, acho mágico *-* escrever é um hobby, mas me ajuda muito com problemas. Já te sigo, retribuindo a visita. Beijo <3
    www.propositofeminino.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Fico feliz que tenha gostado, Jheniffer! Obrigada pela visita.

      Beijão. ^^

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  2. Uau, que história boa! Fatos assim me motivam!


    Beijoooo

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