21/01/2017

Viração- Mário Quintana


Imagem retirada da internet,

Voa um par de andorinhas, fazendo verão.
E vem uma vontade de rasgar velhas cartas,
velhos poemas, velhas contas recebidas.
Vontade de mudar de camisa,
por fora e por dentro... vontade...
Para quê esse pudor de certas palavras?...
Vontade de amar, simplesmente.

Mario Quintana,
em "Sapato Florido", 1948.


Comentário: No poema, pode-se notar a vontade de mudança. Assim como as andorinhas, o eu lírico deseja mudar de "estação", deixar o velho para trás: "vontade de rasgar velhas cartas, velhos poemas, velhas contas recebidas. Vontade de mudar de camisa, por fora e por dentro..." e se vestir do novo, da mudança, e essa mudança, esse novo, se resume a "vontade de amar, simplesmente." Talvez, ao vir um par de andorinhas o que lembra um  casal, sendo livres, voando, o eu lírico almeja deixar pra trás seu velho amor, se desprender. E ao vê-las "fazendo verão", o que sugere uma mudança, uma passagem de uma fase a outra, ele quis também seguir em frente, se livrar do velho e se abrir para o novo, por isso a expressão "[...] mudar de camisa, por fora e por dentro...", pois a camisa já está surrada e desgastada e velha, assim como as cartas, os poemas e as contas recebidas.
Imagem retirada da internet.

Percebemos no poema uma linguagem às vezes clara, às vezes, ambígua. O poema tem a estrutura de uma prosa, mas uma linguagem poética, metafórica, própria da poesia. No trecho "velhas cartas, velhos poemas, velhas contas recebidas.", notamos uma assonância, pois há uma repetição de som. E a repetição da palavra "vontade" indica uma aliteração. A expressão "Vontade de mudar de camisa" pode ser vista de forma ambígua, pois em uma leitura denotativa podemos interpretar como uma simples troca de roupa, mas de uma perspectiva conotativa, podemos interpretar como uma mudança de etapa, talvez. Quando analisamos o trecho  completo "Vontade de mudar de camisa, por fora e por dentro..." temos um estranhamento, porque quem muda de camisa por dentro? Então, é uma linguagem própria que só a literatura permite.

Bem, gente, essa foi minha interpretação, como sempre faço questão de destacar. Qualquer outro leitor pode ver algo diferente de mim. Sabemos que cada pessoa tem um ponto de vista individual, subjetivo. Essa análise fiz pra uma prova de Teoria da Literatura 2. Espero que tenham gostado do poema. ^^

Um abração, amigos leitores! Até a próxima postagem! 💗

8 comentários:

  1. Amazing post!
    I follow you :)
    Please, follow me back..
    My blog(Click)♥

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hello!
      Thank you for following my blog. I follow you back. ❤

      Excluir
  2. Amo Mário Quintana e tudo que ele escreve é incrível, adorei o post.♥
    Art of life and books

    ResponderExcluir
  3. Oi Mi!
    Que poema mais amorzinho!
    Adorei, tô vendo que não sou a única que curte esses caras, rs!

    Beijoooo ^.~

    ResponderExcluir
  4. Adooooro o Mario Quintana, pe um dos meus poetas preferidos! Sua análise foi ótima, adorei!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

    ResponderExcluir

Olá! Seja muito bem-vindo a este espaço, que é nosso! Se seguir o blog ou se comentar, deixe seu link para que possamos segui-lo e retribuir a visita. Ao deixar seu comentário, clique em "Notifique-me" para podermos conversar; são bem-vindas críticas construtivas, mas não xingamentos.
Um abração!