👻(Buuu!!!)
Oiiiii, gente, como prometido vim trazer uma entrevista bem bacana que fiz com o Fábio de Andrade. Desde já, aproveito pra agradecer muito a ele pela oportunidade de conhecermos mais um pouquinho sobre ele e sobre seu universo. Muito obrigadaaaaa. O Fábio, esse moço bem-apessoado aí da foto, escreve mais terror e horror, então quem é apaixonado por esses gêneros vai amar demais sua antologia de contos "
Sob os olhos do delírio". Leiam e venham surtar comigo (e com o Fábio, que ama conversar
❤). Pra conferir a resenha, é só clicar
AQUI.
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1- Conte-nos um pouquinho sobre você, quem é o Fábio, o que faz, hobbies, enfim...
🗨 Bem, sou um cara normal de Ananindeua que está tentando não morrer nos próximos 30 anos, até agora venho conseguindo isso com um certo êxito. Não tive uma infância marcada por acontecimentos macabros, ou alguma morte que tenha me traumatizado, porém, quando tinha por volta de 16-17 anos, meu melhor amigo se suicidou, não que isso tenha interferido de alguma forma na minha escrita, não! Até porque sei que ele tá bem melhor que eu agora, mas se for colocar isso como acontecimentos marcantes de um período da minha vida, esse seria o primeiro. De resto, foi tudo “normal”. Já tive uma porção de hobbies, sendo que a maior parte deles foram fliperamas e todos os jogos de luta que ganhei e perdi fichas por aí, e hoje a leitura e escrita dominam com facilidade um bom pedaço de mim. Sou estudante de engenharia elétrica que escreve sobre casas mal-assombradas por bonecas que fedem.
2- Fábio, quem lhe conhece sabe que você escreve mais terror e horror. Então, de onde veio essa inspiração? Você se aventurou no gênero propositalmente ou simplesmente fluiu?
🗨 Eu fui uma criança muito medrosa, tudo graças à duas coisas: O exorcista e Resident Evil. Esse medo ficou lá no canto dele fazendo com que eu demorasse mais do que o normal para dormir. As coisas pioraram quando descobri um vídeo no YouTube e aqui vai um aviso: nunca procurem por “Obedece a la morsa”, foi desde então que as coisas pioraram. O tempo passou, comecei a dormir por mais tempo, mas alguns medos continuaram, contudo agora eram mais toleráveis. Eis que a literatura ganha um espaço muito grande na minha vida, e leio pela primeira vez Psicose do Robert Bloch e após saborear a palavra Fim, eu fechei os olhos rindo e pensando: “Cara, eu consigo fazer isso”, não desmerecendo o trabalho ou tentando me equiparar ao Bloch – até porque seria algo impossível -, mas disse no sentido de não precisar ser um semi-deus para contar uma boa história. Desde então o terror se tornou um tobogã, passando por Poe, Lovecraft, Machado de Assis, King, Radcliff, e misturado com todos os medos do passado, resultou no que escrevo hoje.
3- Quais os autores que mais têm influência na sua escrita?
🗨 O texto quando fica pronto é o que restou de vários e vários processos de escrita e reescrita. Eu gosto de absorver um pouco de cada autor que admiro e tento aplicar um pouco do que aprendi no que escrevo. De todos que são importantes para mim, devo ressaltar alguns, como Dan Brown, pela sua agilidade e inteligência narrativa, o cara é incrível e a estrutura dos livros dele é mais ainda. Jô Soares e Aluísio de Azevedo pelas ótimas sacadas em trazer críticas de forma muito humorada. Edgar Allan Poe e H.P Lovecraft pelas suas capacidades únicas de representar o medo de diversas formas possíveis, fazendo com que o leitor sinta medo e culpa de ler seus textos. Orwell e Attwood por me fazer acreditar que uma tragédia tem a maior carga de aprendizado nessa vida.
4- Como acontece o seu processo de produção, ou melhor, de onde você tira os elementos para seus textos?
🗨 Depende um pouco do destino final dele. Se é algo que tenha um tema já específico, eu gosto de trazer elementos conhecidos de formas e percepções diferentes, porém quando é um texto criado desde o início, não tendo limite em nenhum aspecto, eu começo com o argumento da obra e me faço algumas perguntas como:
“o que eu pretendo passar com ela? Qual a mensagem que eu quero que entendam no final do texto? ”, mas há casos onde não tem mensagem alguma ou fica apenas subentendida. Depois parto para o tema, cenário e enredo, tendo essas quatro coisas já definidas, começo as pesquisas sobre os assuntos. Gosto de escrever a respeito de coisas que não tenho muito conhecimento, isso me força a temer mais o novo caminho que vou trilando, aprendendo algo novo todos os dias, estimulando a criatividade fazendo com que isso acarrete positivamente na escrita. Durante a pesquisa eu já penso na estrutura da história, encaixando os modelos que já conheço ou experimentando coisas novas que surgem na hora. Quando já tenho tudo isso pronto, inicio a escrita. Isso é para algo maior como romances e novelas, mas quando escrevo contos, na maioria das vezes gosto de escrever sem parar, sem saber para onde vou, apenas com o tema central e o tempo me ajudando.
5- Imagino que assim como muitos, ou todos, escritores você já tenha passado por momentos de bloqueio. O que você faz quando isso acontece?
🗨 Meu maior bloqueio foi quando estava escrevendo Lia-303, foi horrível. Semanas e semanas escrevendo 20 linhas no máximo. Eu sei que isso ocorreu devido a minha experimentação de estrutura, não que eu tenha errado, mas descobri um jeito de como não fazer o certo. Durante esse período de bloqueio, eu parei de escrever e fui consumir coisas que tinha a ver com o tema do livro (livros, filmes, séries e etc.), enfim surgiu fagulhas que encontraram o carvão do terror e incendiaram o texto até o final do livro. Já hoje, tenho um remédio muito bom – para mim - contra o bloqueio criativo: estrutura.
6- Acredito que para quem escreve todo apoio é necessário, seja de onde for. Quais as pessoas que mais lhe incentiva a escrever?
🗨 Seria de um egocentrismo enorme – e essa não é a intenção – se eu falasse que meu maior incentivador sou eu mesmo pelo único motivo de me sentir muito incomodado por não conseguir chegar ao ponto que almejei, porém, existem pessoas que sem elas, esse ponto nunca existiria de forma alguma. A primeira é a Thaís, minha namorada, e por ela não ter um contato mais profundo – ou obcecado como eu - com literatura, as críticas dela são as mais importantes possíveis (nesse momento de escrita), pelo simples fato de caso eu faça ela gostar do que escrevo, já é meio caminho andando. Isso é um ensinamento no qual King passa em seu livro Sobre a Escrita quando fala sobre leitores ideais. Não posso esquecer de alguns amigos que sempre estão do meu lado em qualquer coisa que me dedico a fazer, seria impossível não falar do Marlon Maia, que é o cara mais criativo que conheço, Yuri “Lander” Victor, que me acompanha em qualquer “aventura”; Lenmarck Andrade, um grande amigo e escritor que, apesar do pouco tempo de amizade, encontrei nele um irmão – nosso sobrenome não tem nada a ver com isso - que vou levar para o resto da vida e não podia esquecer de pessoas como você Mi, que foram tão simpáticas e me abraçaram de uma forma tão carinhosa em ceder um espaço pra ler meu livro. Tive o prazer de ler palavras tão positivas a respeito de Sob os olhos do delírio, e esse é um tipo de incentivo que me faz escrever todos os dias.
7- Nos conta um pouco sobre como é ser escritor no Brasil. Quais as dificuldades que você já enfrentou, como é o mercado editorial...
🗨 Esse é um assunto um pouco controverso, porque antes de qualquer coisa você precisa lembrar que existem dois pontos de vistas na jogada: do escritor e da editora, essa última como uma empresa que visa lucro e como consequência desse lucro fornece literatura. Vivemos em um país onde 66% da população não lê e 70% nunca comprou um livro, então uma editora antes de tudo é uma guerreira no meio dessa guerra de páginas e devido esse campo de batalha ser tão disputado, alguns caminhos até ter seu livro publicado acaba sendo bem estreitos. O mercado em si é fechado por natureza, pessoas com contatos tem suas facilidades aumentadas – e não vejo problema algum nisso – e quem não faz parte desse primeiro grupo precisa se encaixar em um certo “padrão” para ser notado, além de ter um ótimo livro, é claro. A maior dificuldade nisso é se encaixar nesse modelo de escritor, antes você ficava famoso ao ser publicado, hoje você precisa ser famoso para ser publicado. Essa é uma máxima que não resume, em si, o mercado editorial brasileiro, mas nela existe um fator muito verdadeiro disso tudo, você precisa ser uma aposta lucrativa para as editoras. Fora que existem diversos outros problemas, mas hoje, na minha opinião, esses são os maiores, e se você tem o sonho de ser escritor, mas acha que o mercado é o grande vilão e não se adaptaria para entrar nele, só tenho uma coisa a dizer: boa sorte.
8- Sempre que converso com você, sempre está sorrindo (virtualmente, claro, haha), alegre. O que você faz nos momentos mais difíceis ou a quem você recorre pra manter essa alegria?
🗨 Eu não levo a vida tão a sério quanto deveria. Gosto de ver as coisas engraçadas por trás das trágicas, então na maioria das vezes que os problemas surgem eu gosto de me consolar dessa forma, mas quando as coisas apertam de vez, existe uma pessoa a quem eu recorro ao colo: Thaís.
9- Conte-nos sobre projetos futuros. Algum livro vindo por aí, algum plano pra sua vida pessoal...
🗨Eu estou com uma parceria muito forte com o Lenmarck em diversos ramos, desde livros até podcasts que por sinal escutem o
Barzinho dos Andrade e o Soodacast, programas que a gente participa. A revisão de Lia-303 está acontecendo com o intuito de ser publicado de forma tradicional. Tô pensando também em mais uma antologia no mesmo formato de Sob os olhos do delírio e no meio de tudo isso tem uma faísca de thriller surgindo por aí. Fui convidado também – algo que me deixou extremamente feliz – para participar de duas antologias que vão sair esse ano, uma é uma revista digital organizado pelo Teatro de Apartamento, com uma temática pulp; a primeira edição é sobre monstros e tem um conto meu de lobisomens vindo por aí. O outro convite veio do escritor e conterrâneo Andrei Simões para uma antologia, não posso dar muitas informações a respeito, mas aguardem porque vai ser incrível!
10- Rapidamente, responde:
* Um lugar: Meu quarto
* Uma pessoa: Thaís
* Uma cor: Cinza
* Um escritor: Edgar Allan Poe
* Uma paixão: Escrever
* Uma bebida: Cerveja
* Uma comida: Bife empanado
* Uma dúvida: Quando um cego sabe a hora de parar de se limpar?
* Uma certeza: D.C é melhor que Marvel.
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Ahhh, gente, digam se não é uma pessoa muito amor o Fábio? Amei fazer a entrevista com ele e abrir esse espaço pra um autor que já curto muito. Daqui pro final de semana, lhes trago mais uma postagem relacionada a ele. Aguardem. E me digam, o que acharam?
↠Esse post faz parte do projeto que adotei aqui no blog, o
#AdoteUmEscritorNacional. Não é um projeto inventado por mim, como já falei na
primeira postagem, existe em várias redes sociais (com outros nomes) e é um incentivo a que leiamos mais nacional e que abramos um espaço para nossos queridos escritores, que fazem de nossos dias uma aventura incrível. \o/\o/\o/\o/
Abraços quentinhos e até a próxima, se Deus quiser. 💗