Hoje vim trazer a resenha de um livro incrível que acabei de ler recentemente. Eu trouxe
as primeiras impressões dele no ano passado e agora venho com a resenha, que na verdade, nem sei como vou conseguir fazê-la, haha. Já se sentiram assim? Então, hoje vamos voar pra terra de Ákia.
"Estar só pode ser uma opção ou uma necessidade; nem sempre é casual ou provocado; para Lamel, do mundo dos homens, a solidão era uma fuga." (p. 9)
📖 Após a
Grande Inundação (o dilúvio), a terra ao ser repovoada ganhou novas perspectivas. Na região de
Ákia, composta por 5 Soberanias:
Asilé,
Carcondes,
Zelá,
Dumé e
Ákia, cada uma com as suas especialidades de produção, o que acaba ligando-as, menos Dumé, já que seu soberano Samis não quer muita conversa com Menaque, soberano de Ákia, o reino central, tudo parece aparentemente bem. Até que uma ameça explode.
📖 Lokar e Azelom, soberanos de Nantel e Manson, respectivamente, terras além do Grande Mar, se juntam para derrubar o cinturão de Ákia, composto pelas soberanias citadas. E aonde quer que eles cheguem, saem derrubando tudo, inclusive as soberanias medianas, que é o caso de Gadum, cujo soberano é Ramifá, mas perdeu sua vida na guerra e agora seu filho Quinon ficou com a responsabilidade de reerguer o reino em pedaços.
📖 E é durante o desespero da guerra que mãos amigas acolhem os moradores da região. Mãos não tão comuns, já que elas pertencem ao gorjam Nemaim, um personagem singular que aparece pra dar mais tensão à narrativa. Três princesas, Nira, Barneq e Franes, que fugiam do horror instaurado por Lokar e seus comparsas tiveram a sorte de ser acolhidas no Vale Gorjam, onde percebem que o que era lenda para elas, acabou por se tornar real.
📖Os gorjans são seres diferentes dos homens, em seu aspecto físico e emocional, mas os descendentes de Ákia (o Gorjam que deu nome à região) demonstram muitas coisas parecidas com as humanas, como os sentimentos, algo que deve ficar escondido, pois os gorjans comuns se sentem ameaçados por eles, já que guiados pelas emoções os humanos cometem as maiores loucuras e atrocidades. O Vale guarda muitos mistérios, não somente para os humanos, mas para os próprios gorjans. E as três princesas acabam participando deles, mesmo sem saberem.
Larmú e Nemaim tiveram uma cria, a
Minuha, e ela vê sua vida revirada quando começa a ouvir um chamado forte de
Sucã, uma antiga saerdotisa da
Ordem dos Altares, uma Ordem poderosa e que tem domínio sobre os gorjans descendentes de outras gerações, por isso é um perigo que ela seja restaurada e Nemaim tenta a todo custo impedir que isso aconteça. É o cumprimento de um dito de
Lithel, a gorjam responsável pela criação da Ordem, que o escreveu nos Escritos Sagrados. Então, não só o mundo dos humanos está uma bagunça, o dos gorjans também está.
📖 Enquanto as princesas estão protegidas pelos gorjans, ainda que desconfiem deles e queiram ir embora, o cinturão de Ákia é assolado pela crueldade do soberano de Nantel, que trai aqueles que se achavam seus amigos e se deixa levar pela ganância. O poder fala mais alto não só pra ele, mas também para o meriote (homem da montanha) Gresys, dono de uma ambição que não tem limites.
📖 Os soberanos
Menaque, de Ákia,
Messa, de Asilé,
Nok, de Carcondes e
Balil, de Zelá, junto com sua família são destituídos do poder e alguns até perdem a vida. Dumé, por conta do imprudente
Samis, continua de pé, mas sob vontade e interesse de Lokar, claro, porque em um sopro ela também rui.
"[...] Há erros que na vida que não se pode cometer, pois certamente se pagará com a vida." (p.252)
📖 Dessa forma, Fená e Suna, esposa e serva de Messa, assim como Lamel, filho mais jovem de Menaque e de sua esposa Délia, Jemá, filho de Balil e irmão de Franes, começam a peregrinar sem rumo. No começo, a maioria deles estão sozinhos, mas aos poucos começam a se encontrarem e aí vemos a genialidade do autor, que nos deixa perceber uma história que vai se afunilando aos poucos.
📖 Os remanescentes da guerra se reúnem para colocar em prática um plano arriscado de retomar o cinturão, como é conhecida a região de Ákia, e vemos a elaboração de guerra e muitas lutas sangrentas, mas o problema é que eles perderam muitos homens durante a invasão de Lokar, então só lhes resta desistir ou seguir em frente.
"-Correntes não quer dizer nada, Silbaa; são as palavras que nos prendem ou nos libertam." (p. 266)
📖 Aparecem muitos personagens importantes na narrativa, como Elquim, pai de Fená e tantos outros. Todos eles têm um papel ativo na narrativa e são bem desenvolvidos e essa foi uma das coisas que mais gostei no livro, cada personagem tem suas características e conseguem se manter dentro delas. O outor criou um cenário cativante e personagens fortes, principalmente as femeninas, que se destacam com sua força e ousadia. Os planos e estratégias de guerra são bem elaborados e a partir da página 250, mais ou menos, começamos a ver revelações que não param até à última página, quando ainda teremos uma surpresa de quem é o narrador.
📖 A questão da religião e das tradições gorjans são bem exploradas e nos vemos num cenário misto, onde o politeísmo se mistura com o monoteísmo. E essa foi outra genialidade do autor. Ele se manteve fiel à época, então vamos ter uma linguagem simples, mas desprovida de gírias ou algo do tipo, e isso nos aproxima mais da história, nos faz submergir a cada virar de páginas.
📖O autor nos apresenta a dois mundos: o dos homens e o dos gorjans, que aos poucos se misturam, e quando se juntam podemos ver o contraste de ambos, não só no aspecto físico, mas também no cultural.
📖 Enfim, gente, o livro é maravilhoso e a história é bem elaborada, cheia de aventuras e intrigas. Apesar da quantidade de páginas, dá pra lê-lo rápido, pois o Roberto tem uma escrita viciante e intercala a narração em vários cenários. Eu demorei, mas porque estou bem lenta ultimamente. Essa é uma leitura muito recomendada e eu espero ansiosamente pelos próximos 2 volumes. Ah, quem se interessar, estou fazendo um book tour desse livro, é só falar comigo pelo
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Classificação:
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Autor: Roberto Albuquerque
Ano: 2016
Páginas: 618