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10/04/2017

Alma de Tinta | Carta à minha criança- Mirelle Almeida

Imagem retirada de pcwallart
Eram 5 horas da manhã quando o galo cantarolou sua melodia. Já havia uns minutos que estava me revirando na cama, com preguiça de colocar os pés no frio chão de barro batido. Lá longe no campo algum cachorro latia. O sol já não era tão tímido a essa hora, já havia saído de debaixo de seu cobertor negro estrelado.

Créditos: Juan Díaz
Respirei o ar agradável da manhã e peguei um balde com água para retirar de vez a preguiça do corpo recém desperto. Minha avó já estava de pé a alguns minutos e voltava de algum lugar com Piaba, nossa cachorra, ao seu encalço. O fogão de barro, com seu hálito esfumaçado, pintava de negro o bule de café que nele estava.

Após o desjejum, sob recomendações da minha mãe que acabara de levantar, me vesti rapidamente e tomei o mesmo caminho surrado e ladeado de canas que me levava à escola. Mas, já longe de casa, dentro do cercado, as amarelas araçás me chamaram a atenção. Deixando a mochila e o medo em um canto, encostados, passei por entre as brechas do arame farpado do cercado para saciar meu desejo infantil. Devagarinho, como um ladrão na calada da noite, cheguei ao pé de araçá e comecei minha colheita, mas prestando mais atenção aos bois que pastavam ali a alguns metros. Depois da missão cumprida, peguei minha mochila de volta, mas não o medo, e segui meu rumo enquanto saboreava minha recente conquista, mesmo estando de barriga cheia.

Araçás. Imagem retirada de: Dias com árvores
Já devia ser tarde, mas não existem horários para as crianças. Perto da escola, olhei pro alto apreciando as nuvens com formas engraçadas. Comecei a ver nelas animais dos mais diversos enquanto o céu fazia seu percurso, como se não tivesse pressa e não precisasse chegar a lugar algum, e me senti da mesma maneira. Nesse momento, pensei que devia ser por causa dessa liberdade e descompromisso que as pessoas da cidade da minha tia colocavam fios, que mais pareciam grades, no ar para não verem o céu sendo livre e terem vontade de SER.

11/12/2016

Amor à moda antiga - Fabrício Carpinejar





Em seu aniversário de 43 anos, Fabrício Carpinejar ganhou de presente uma velha máquina de escrever Olivetti Lettera 82 verde-esmeralda. Desde esse dia, ele se dedica a escrever nela poemas de amor e a guardá-los como um inventário de seus sentimentos e emoções ao longo de sua carreira. Pela primeira vez, a Belas-Letras publica esses poemas exatamente como os originais foram enviados à editora, em maços de papel despachados pelos Correios, sem nenhum tipo de correção ortográfica, edição ou retoques, inclusive com as próprias anotações à mão feitas pelo próprio Carpinejar. Todos os textos de Amor à Moda Antiga (inclusive este) foram originalmente escritos em máquina de escrever. O resultado é um livro orgânico, singelo e apaixonadamente imperfeito, exatamente
como o amor é.
"Quem me ensinou a amar
não gostaria que eu usasse
o que aprendi com outras.
amar é desamar."

Amor à moda antiga” é um livro curtinho, mas intenso e original. Seu título se refere à forma de amar, esse amor que se mostra e que se quer sentido. Cada poema, seja ele pequeno ou grande, está cheio de profundidade. Há sentimento em todos eles que falam do nó que é o amor, dos desamarros e amarros da vida, da saudade do ser amado, da importância de dizer o que sente e não somente o que pensa, da efemeridade que é viver, da fragilidade que é estar respirando. Eles passam do amor ao sofrimento, e vice e versa, num virar de páginas. Há um toque de sensualidade em alguns, em outros é mais escancarado, mas nada perto do vulgar. Ás vezes o amor aparece da forma mais simples, às vezes, personificado, vestido de um objeto, de uma sensação.

Imagem do blog "Desbravador de mundos".
Os poemas estão escritos em versos e rimas livres e em letras minúsculas. Achei muito interessante isso de os textos não ter sido revisados, é como se pudéssemos ver Fabrício em pleno ato de composição. Aqui e acolá há palavras riscadas, outras substituídas. E os rabiscos que pra muitos podem parecer feios, pra mim se parecem como uma parte dos poemas, não como algo exterior, mas algo que está imbrincado no significado deles. Não são somente poemas jogados em uma folha e entregues ao leitor; pode-se perceber, através do que se parece descuido, o ato mesmo de escrever. A escrita fala de tudo isso que destaquei no primeiro parágrafo, mas, sobretudo, ela fala de si. Esse amor, que é o centro dos poemas e que se mostra pela escrita, é também o ato de compor. Ele se desnuda e mostra sua essência. Se pinta na poesia de Carpinejar não somente uma imagem do pessoal, biográfica, senão uma imagem poética. Vejo em "Amor á moda antiga" uma poesia que chama a atenção para si mesma e, à medida que se constrói formalmente, se despe e mostra seu interior. É por isso que além de ler sentimos cada palavra, como tinta que colore nossa alma dos mais diversos tons. 

Bom, foi isso o que achei do livro. Creio que dá pra perceber que o recomendo só pelo meu comentário, não é? Hahaha. Não deixem de ler essa maravilha e de comentar o que lhes pareceu. Gostaria de saber o que vocês acharam dele e da resenha, ok? 
Um abração, meus queridos amigos leitores! 💗

"Só é livre quem não ama.
amar é nascer de novo
com o mesmo desamparo,
sem direito a escolher o nome
os pais, a casa.
é assumir as consequências 
de um destino emprestado."


Classificação:
Autor: Fabrício Carpinejar
Ano: 2016
Páginas: 104
Editora: Belas Letras

13/03/2017

Alma de Tinta | Dor da urgência- Mirelle Almeida


Imagem do blog História da Alma

Dor.

Afogada em mim, um copo não de licor, 
mas de tinta

Uma leve pluma que treme, treme e treme
com o desatar da urgência,
como se pudesse amarrá-la 
num espaço em branco.


Então, gente, gosto de rabiscar em meu tempo livre (o que é isso "tempo livre"?) Hahaha, enfim, espero que gostem do poema ou tentativa de poema.
Por Mirelle Almeida
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