Sinopse: Livro de criança? Com certeza.
Livro de adulto também, pois todo homem traz dentro de si o menino que foi. Como explicar a adoção deste livro por povos tão variados, em tantos países de todos os continentes? Como explicar que ele seja lido sempre por tantos milhões e milhões de pessoas? Como explicar a atualidade deste livro traduzido em oitenta línguas diferentes? Como compreender que uma história aparentemente tão ingênua seja comovente para tantas pessoas?
O Pequeno Príncipe devolve a cada um o mistério da infância. De repente retornam os sonhos. Reaparece a lembrança de questionamentos, desvelam-se incoerências acomodadas, quase já imperceptíveis na pressa do dia-a-dia. Voltam ao coração escondidas recordações. O reencontro, o homem-menino.Amélia Lacombe
Para entender o livro é preciso se despir das armas adultas. É preciso se revestir de infância, de sonhos. Ele exige um coração aberto e disposto a crer mesmo sem que os olhos vejam. É muita responsabilidade falar de um livro que a maioria das pessoas já leram, já resenharam, mas, ainda assim, me atrevi a deixar minhas impressões, lembrando que cada leitor vai interpretá-lo de maneira diferente, de acordo com suas vivências e até mesmo experiências de leitura. Então, lá vai.
No deserto do Saara, um piloto que teve de fazer um pouso de emergência, pois algo não estava bem com o motor do avião, encontra um menino de cabelos dourados e cheio de histórias para compartilhar. Em sua viajem por diversos planetas, mundos, o pequeno príncipe descobre e aprende coisas. Eu, particularmente, vejo cada um desses mundos como aqueles em que nos trancamos. Cada pessoa tem o seu próprio e se fecha nele de maneira que não consegue, muitas vezes, enxergar e apreciar as coisas mais simples da vida.
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Imagem retirada da internet |
Exupéry nos devolve, através do pequeno príncipe, a leveza do olhar. É muito mais que o encontro de um menino com um homem, é a volta de ser novamente uma criança. Em resumo, é uma volta de si, do seu eu que sempre esteve ali, do nosso eu que sempre se espreita e espera o momento certo para aflorar. É preciso coragem para encontrar a si mesmo quando o mundo adulto já nos tem “infectado” com suas ideias e conceitos.
O encontro com o principezinho é a cura para a cegueira que o mundo nos causa. É a volta dos sonhos, da fantasia e da beleza extraordinária do viver. É ver o mundo com a simplicidade que só uma criança pode fazê-lo. É enxergar o invisível e acreditar que é possível viver com o outro. O pequeno príncipe nos ensina que em um mundo de diferenças e contrastes, onde todos buscam algo, mas nunca o encontra, é possível cativar e ser cativado por uma rosa e fazer dela uma flor única, porque é sua. Se você cuida, protege e gasta seu tempo com ela, é porque ela é importante para você, e se é importante, é única mesmo existindo milhões dela no mundo.
É isso o que acontece com as pessoas, quando fazemos delas amigas elas se tornam únicas e insubstituíveis, por isso sofremos quando nos separamos ou as perdemos.
No momento em que o protagonista consegue consertar o avião, o principezinho também se vai, talvez seja porque ele não pode habitar em um mundo onde será sufocado pela impureza adulta.
Mas, para vê-lo, basta olhar para as estrelas. Porque nós adultos dificilmente apreciamos o céu! Então lá, onde apenas olhares de pessoas que compreendem as coisas extraordinárias da vida, ele poderá ser encontrado e sorrirá, e será como ouvir a risada de quinhentos milhões de guizos.
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Créditos da imagem: Tumblr |
E eu chorei porque este é um livro extraordinariamente cativante.
Classificação:
Título original: Le Petit Prince
Editora: AGIR
Edição: 52ª
Páginas: 96
Ano: 2015