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04/01/2018

Resenha | Crônicas Saxônicas |O Último Reino | Livro 1- Bernard Cornwell

Hello, people! Tudo beleza com vocês?
Minha primeira vez lendo Cornwell e amei. Já sabia que ia gostar porque sou apaixonada pelas histórias dos dinamarqueses na época em que eles eram conhecidos como vikings, se bem que no livro não vamos ver muito o termo, já que, como explica o autor em uma nota, o termo se refere mais a uma atividade, que era ataque e pilhagens de surpresa, e os nórdicos do século IX, os desse romance, são bem organizados e eram mais invasores e ocupantes. E quando colocar o termo "ealdorman" ou "earl" significa "chefe", "conde", enfim, alguém da nobreza. Então, vamos à resenha? Vamos.

SINOPSE | COMPRA
Neste primeiro livro da saga, vamos acompanhar Uhtred, que acreditava descender do deus pagão Odin, em sua aventura com os dinamarqueses.

A jornada começa em 866 d.C. com Uhtred com apenas 9 anos, quando na verdade se chamava Osbert. Mas durante uma invasão dos nórdicos, seu irmão Uhtred, de 17 anos, morre e ele recebe esse nome, já que se tornaria o herdeiro direto do pai.
"[...] e os dinamarqueses tomaram 13 boas espadas, 13 bons cavalos, uma cota de malha, um elmo e meu antigo nome." p.24
O garoto de novo nome, aos 9 anos vai, pela primeira vez e com os protestos de sua madrasta Gytha, esposa do ealdorman Uhtred, pai do garoto (era uma tradição nomear os primogênitos, filhos herdeiros, com o mesmo nome do pai), para a batalha. E é nessa guerra pelo reino da Nortúmbria que vê o pai perder a vida e conhece Ragnar, o Intrépido, o homem que deu cabo à vida do irmão.


Impressionado com a coragem do menino que se atreveu a lhe mostrar a espada, o nórdico começa a gostar de Uhtred e passa a tratá-lo como filho, e Uhtred passa amá-lo como pai, amor esse que não sentia por seu frio pai biológico, um homem que sempre o tratou com rudeza.
"-Só os homens podem ficar na parede de escudos, mas você vai olhar, aprender e descobrir que o golpe mais perigoso não é o da espada ou do machado que você pode ver, e sim do que não pode ver, da lâmina que vem por baixo dos escudos para morder seus tornozelos." p. 26
Assim, a infância do garoto foi junto aos dinamarqueses, aprendendo sua forma de lutar e a respeitá-los. Ele conhece melhor o earl Ragnar e Ravn, seu pai, e os filhos dele: Rorik e Thyra, com os quais tem dias alegres e aventureiros.
"Eu estava feliz, estava vivo, estava com Ragnar e isso bastava." p.57
Uhtred vira pagão facilmente e abandona o cristianismo e vive uma viva desregrada. Acompanha o amor dos nórdicos em cada batalha travada e passa a pegar gosto também pela coisa. Conhece homens que sentem júbilo na luta, tais quais: Ubba, o Horrível, um homem supersticioso, que não ia à batalha se as runas de Storri, uma epécie de mago, dissesse que não era um bom momento, e Ivar, o Sem-ossos, irmão de Ubba. Os dinamarqueses conseguem tomar três reinos da Inglaterra (Nortúmbria, Mércia e Ânglia Oriental), faltando apenas Wessex, o reino remanescente e que tinha como regente um homem calculista, Alfredo.

Depois da morte de Ragnar e sua esposa Sigrid e o sequestro de Thyra por Kjartan e seu filho Sven, quem sempre teve uma rixa com o earl, Uhtred busca abrigo em Mércia, na casa de uns familiares por parte da mãe, mas Alfredo o convoca e acaba seduzindo o, agora, jovem para seu lado. Junto com Uhtred está Brida, uma inglesa tomada na invasão à Ânglia Oriental e que também aprendeu a amar os dinamarqueses, com quem o rapaz tem casos amorosos, mas apenas isso, eles são mais amigos que amantes.

Quando o filho mais velho de Ragnar volta da Irlanda, o qual Uhtred conheceu quando ainda era menino e que se chama Ragnar, o Jovem, Brida se junta a ele, mas, prometido um ano a Alfredo, Uhtred não acompanha o amigo e irmão por quem tem um apreço muito grande. Ainda mais envolvido na trama do rei de Wessex, o jovem anglo-saxão, quando tem 20 anos, casa com Mildrith, de 17, com quem tem um filho o qual dá o nome de Uhtred também. A relação iniciada por puro interesse se torna mais tarde uma relação boa para ambos, mas acaba prendendo ainda mais Uhtred a Alfredo, já que a esposa veio junto com uma dívida à igreja e Uhtred como marido tem a responsabilidade de pagá-la.

Passaram-se anos e os dinamarqueses não esqueceram o último reino que teimava em permanecer, mas dessa vez Uhtred, acompanhado da espada Bafo de Serpente e seu Ferrão de Vespa, uma arma menor que uma espada, está do lado inimigo daqueles que aprendeu a amar e terá que escolher um lado pelo qual lutar.
"Você pode mudar o coração de um homem, mas não sua cabeça." p.239
O jovem de olhos claros, cabelos dourados compridos e amante da batalha é um homem agora, um homem com músculos e com cérebro, que não age por impulso, mas que calcula bem cada passo dado.

Nosso narrador é o próprio Uhtred no momento presente, ele começa a contar sua história desde criança e o desejo que tem de tomar sua fortaleza, Bebbanburg, usurpada pelo tio AElfric após a morte do pai. Esse primeiro romance é narrado por um Uhtred já maduro, que é o legítimo ealdorman de Bebbanburg, que jura tomar as terras que lhe pertence e dar cabo a uma rixa de sangue com o rei Alfredo, algo que imagino que irá se desenvolver nos próximos livros.

A escrita de Bernard é objetiva e clara, em alguns momentos beira a poética e nos deixa impressionados com a maneira fria de descrever cada cena de batalha como se estivesse declamando um poema de amor para sua amada. Uhtred aparece como um verdadeiro skald, um bardo, um tecelão que nos narra a história de seus feitos.

O leitor se vê diante de um herói épico, em que a honra vale mais que qualquer outra coisa, e é responsável por também travar lutas.
"Na infância eu achava que os homens lutavam por terra ou pelo domínio, mas lutam igualmente por mulheres. [...] Já ouvi algumas mulheres reclamando que não têm poder e que os homens controlam o mundo, e é verdade, mas as mulheres têm o poder de levar os homens à batalha e à sepultura." p. 296 (Lembrem que essa afirmação é dita por um Uhtred que vive no século IX)
O livro é dividido em 3 partes: a primeira trata da infância de Uhtred, a segunda, de seu percurso até se tornar um herói e a última, de como realmente ele se tornou "homem" ao lutar numa parede de escudos, pois Uhtred acreditava que só se tornaria um guerreiro completo quando enfrentasse o terror da batalha, que era lutar na linha de frente em uma parede de escudos. No final do livro, o autor deixa uma nota histórica, dizendo que o livro, em sua maior parte, traz fatos verídicos, por tanto, é baseado na história da Inglaterra do século IX quando começou a ser tomada pelos nórdicos. A linguagem adotada para escrever o nome de lugares também advém desse século.

Foi meu primeiro livro do Bernard e amei demais. Senti a leitura um pouco densa no começo, pelo costume que eu não tinha em ler livros com um teor histórico e geográfico muito grande, mas o mapa que o autor põe no começo do livro nos ajudar a situar bastante, e eu o consultei muito, haha. A única coisa ruim está na edição, detestei a cor das letras e das folhas. As letras pendem para um cinza, a folha é branca e muito transparente, mas fora isso, a edição está boa. A história em si, pra quem gosta da temática, está maravilhosa e o autor explora um pouco os costumes nórdicos, suas crenças, nos apresentando Midgard (plano terrestre), Asgard (plano divino) e Niflheim (inferno frio dos nódicos, para onde iam os que não morressem em batalha ou com honra) e explora também os costumes anglo-saxões da época. Então, temos esse paralelo entre paganismo e cristianismo.
"Somos todos solitários e todos procuramos uma mão para nos segurar no escuro. Não é a harpa, e sim a mão que a toca." p. 357
Leitura mais que recomendada!💗

Classificação:
🕮🕮🕮🕮🕮 
Autor: Bernard Cornwell
Editora: Record 
Ano: 2013
Páginas: 364

22 comentários:

  1. Opaa, ainda não li nada dele mais ando louca para ler. já tinha visto esse livro mas não tinha parado para olhar nem sinopse kkk mas gostei da sua resenha, amo livro que são divididos em partes eu acho que da mais contexto e separa melhor a história rs

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    1. É um livro maravilhoso, Larissa. Com certeza vale a pena ler. Leia e me diga o que achou, haha.

      Beijos

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  2. Tenho um colega que realmente ama essa série, mas ele falando nela nunca me deixou com vontade de ler como você agora, confesso que me deu mais vontade de ler no kindle que no papel, infelizmente percebi que a folha assim, transparente e branca, me cansa demais, fato que descobri depois de pensar porque minha dificuldade de ler a Bíblia. Mas enfim amei a dica, amei mesmo ainda mais por falar em mitologia nórdica né... = ) . Elisabete Blog Pretenses

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    1. Ahh, fico feliz que tenha despertado o interesse. Sim, realmente, folha branca e fina cansa mais.

      Beijos

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  3. Só pela resenha já achei esse livro sua cara!!!
    Eu gosto muito de mitologias e histórias de guerra tb. Essa parece ser um arraso, cheia de detalhes!

    Ps:bom te ver por aqui rsrs Bjo

    osenhordoslivrosblog.wordpress.com

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    1. Siiiim, é mesmo minha cara, haha. Você vai gostar dele também, é muito bom e a escrita do Cornwell é maravilhosa.
      Ah, obrigadaaa.
      Beijos

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  4. Oii Mih, tudo bom? Eu praticamente mergulho a cara em todo livro que tenha esse tipo de enredo com historias gigantes, mapas gigantes pois percebo muita profundidade. Nunca tive a oportunidade de ler esse autor. Mas vou ficar de olho nele.
    Beijos.
    Fantástica Ficção

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  5. Oii. adorei sua resenha! Adoro livros com essa temática mais antiga, e repleta de aventuras, ainda mais quando podemos acompanhar a tragetória do protagonista desde criança,até a vida adulta, nos permite crescer junto com ele . Confesso que livros com folha branca me dão um pouco de desconforto na hora de ler, mais sem dúvidas a edição está maravilhosa e o enredo super interessante.
    Adorei a resenha.. Beijos

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    1. Obrigadaaaa.
      Então você vai gostar desse livro se gosta da temática. E sim, apesar do desconforto por conta da folha branca e das letras cinzas, você vai amar a história.

      Beijos

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  6. Ei!

    Fico muito feliz em saber que você gostou da leitura, mas não sei se a obra daria certo pra mim. Não sou muito fã dessas temáticas, o mais perto que cheguei foi GOT haha Enfim, mas achei bem legal da parte do autor colocar um mapa, deixa tudo mais claro e faz com que a gente entre bem mais na história. Sua resenha está incrível, como disse não sou fã do tema, mas achei sua resenha super detalhada e você estava prestes a me convencer a ler, só não faço isso porque quero dar prioridade a obras que me interessam mais :)

    Beijos!
    http://www.as365coresdouniverso.com.br/

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    1. Obrigada, Cecília!
      Hahaha, sei como é, mas quem sabe um dia você dá uma chance pra esse livro, vale a pena.

      Beijos

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  7. Nunca li nada nem parecido com isso. O bom de livros que separam em partes, é que são incrívelmente bem detalhados e separam bem o tempo. Adorei sua resenha!!

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  8. Oiii
    Ainda não li nada desse autor mas adoro o mundo relacionado aos Vikings, fiquei bem curiosa e já quero ler. Parabéns pela resenha, tá linda.
    Bjos, Bya! 💋

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    1. Oiii
      Leia, sim. É uma leitura maravilhosa e cheia de aventura e de conhecimento.
      Obrigada.

      Beijos

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  9. Olá, tudo bom?
    Não conhecia o livro, mas parece uma fantasia bem legal. Gosto muito do gênero e vou adicionar na minha lista.
    Parabéns pela resenha.

    Beijos, Ally.
    Amor Literário

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    1. Oiee, tudo bem, e você?
      Sim, é um livro maravilhoso. Quando ler volte pra me dizer o que achou, vou amar conversar sobre ele.

      Beijos

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  10. Uhtred, considerado por mim um dos melhores personagens de livros que já li!
    Wyrd bið ful aræd - O destino é inexorável!

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    1. Siiiim, eu amei o personagem também, haha. Essa é uma frase bem conhecida do autor, né? No livro aparece "O destino é tudo".

      Um abraço

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  11. Olá! Nem sabia desse livro. Nunca li nada do autor e infelizmente ele escreve livros que não me interessa. Fico feliz por ter gostado e com certeza quem ama, adorou a indicação. Beijinhos

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    1. Oi, Jenny!
      Que pena que você não gosta, mas gostos são gostos, né? Tomara que um dia você dê uma chance mas se não, leia o que lhe interessa, o importante é ler.

      Beijos

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